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Retrospectiva de Fatos que ainda não aconteceram Categorias:
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No penúltimo dia de 2007 eu estava assistindo a tradicional retrospectiva dos fatos mais marcantes do ano. E, olha que foram muitos! Espaçados ao longo do ano, nem parece que foram tantos assim. Porém, enquanto assistia toda aquela enxurrada de más notícias, me lembrei de uma delas que tragicamente aconteceu em nossa própria família jocumeira, quando, nas primeiras horas do dia 9 de Dezembro, na JOCUM de Denver no Colorado, um jovem de 24 anos abriu fogo aleatoriamente, e matou dois jocumeiros – Tiffany Johnson (26), e Philip Crouse (24) – e ainda feriu outros dois.

Então, eu, de um modo espontâneo e natural, vi-me vagueando em pensamentos de auto-exame, e flagrei-me elaborando algumas perguntas para confrontar e sabatinar, em primeiro lugar a mim mesmo. Cada fato era uma indagação. Teria sido, de alguma maneira, possível ter chegado antes dos fatos acontecerem? Teria sido possível em alguns casos, até mesmo ter mudado seu final trágico? Tenho certeza que sim. Quantas vezes em nossos grupos de intercessão o Senhor nos revelou situações dramáticas, que depois de um bombardeio de orações e súplicas os fatos foram mudados? Quantos acidentes foram evitados? Quantas vidas poupadas? Quantos recursos liberados? E daí por diante. Certamente o senhor nosso Deus não fará coisa alguma sem antes revelar seu segredo aos seus servos!

As notícias da retrospectiva eram compostas basicamente de tragédias de todo tipo, violência, corrupção, pedofilia, falcatruas políticas, impunidade, escândalos de leigos e de clérigos evangélicos. E, etc.

Cá com meus botões eu me pergunto: será que dá mesmo pra se gerar um conjunto de ações prévias, que podem ajudar na prática a mudar o curso da história? A resposta é óbvia! E, com ela vem a segunda indagação: O que realmente temos feito neste sentido ultimamente?

A JOCUM sempre foi vanguarda na criatividade e inovadora nos métodos de alcance. Mesmo que alguns não admitam, ela sempre foi uma exímia formadora de opiniões. Na mobilização e no envio de jovens brasileiros ao exterior. Na mobilização e capacitação de crianças e de adolescentes pra missões. Quando as igrejas não mais sabiam o que fazer com seus jovens, vieram as campanhas revolucionárias de King’s Kids. E hoje, por todo esse Brasil a fora se encontra alguém que já participou de uma ou outra campanha, ou, pertence a um grupo da Rede em sua igreja.

Nas matas mais inóspitas, fomos aguerridos na inclusão e no reforço da identidade cultural dos índios, e incansáveis na luta pelo direito e preservação da vida. Nos morros do Rio, fomos pioneiros em missões urbanas com adequação cultural e transformação social, de dentro para fora, nas comunidades chamadas de favelas. Isso, em plena era ativa do esquadrão da morte, do crime organizado, e, quando Belford Roxo no Rio de Janeiro, ainda ostentava o horrendo título, segundo a ONU, de “o município mais violento do mundo“. No centro de Belo Horizonte, nossas crianças que viviam nas ruas encontraram: Amor, cuidado, abrigo, um lar e um futuro. Portadores do vírus HIV encontraram motivo e razão pra viver. Adolescentes prostituídas tiveram sua dignidade restaurada. E tantos mais fatos como esses eram reportados por todos os lados.

Para isso acontecer, vi uma geração inteira de jocumeiros, para os quais tiro o meu chapéu, daqueles que a palavra fala que “dos quais o mundo não era digno”. Esses biótipos se dedicaram sem reservas arriscando suas próprias vidas para fazerem a qualquer custo, a vontade de Jesus. Vi nestas andanças, jocumeiros adentrarem nas matas da floresta amazônica com quase, ou nenhum recurso à procura de etnias arredias, e lá passar meses isolados nutrindo-se da esperança de ver toda tribo, língua, povo e nação um dia também em pé diante do Cordeiro. Ví jocumeiros enfrentarem horas seguidas de tiroteio em favelas, durante as verdadeiras guerras urbanas pela disputa dos pontos de venda de drogas, simplesmente para falar do amor de Jesus. Outros, até perderam suas vidas nesse processo.

Agora, hoje! Quantas iniciativas realmente ousadas, tem se visto recentemente? Parece-me que estamos diminuindo a marcha para economizar combustível. Se não abrirmos os olhos, estaremos fadados a assentarmo-nos nos mesmos “tronos” dos “missionários almofadinhas”, apenas turistas, craques de laboratório, os quais se quer conhecem a miséria de sua própria realidade, ou a realidade de sua própria miséria. Como queira! Os tais até pregam e exploram o tema das reais necessidades dos coxos e dos aleijados que diariamente freqüentam a “Porta Formosa”, no entanto, se quer passam por lá.

Temos que nos cuidar, para não vivermos apenas das retrospectivas de fatos passados, ou pior, nos folgarmos à sombra das retrospectivas do ministério de outros. Amados… longe de nós tal inércia! Faça algo ousado e diferente este ano, usando seus próprios dons, é claro. Escreva sua própria história. Provoque os fatos que poderão ou não vir a ser notícia amanhã, mas provoque!

Nosso presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, falando outro dia sobre a derrota do governo no caso da CPMF, disse que: “prefere ser esta metamorfose ambulante”, fazendo uso da velha canção do”saudoso” Raul Seixas. Mostrando sei lá o que!?

Eu também quero pegar uma carona, na inspiração presidencial, fazendo uso de outra letra do oportuno acervo cultural dizendo: “eu é que não me sento no trono de um apartamento com a boca escancarada cheia de dentes esperando a morte chegar…”

É isso aí companheiros jocumeiros. É hora de gerar os fatos para os fatos! Comece a escrever ainda hoje a retrospectiva que você quer ver no final deste e de outros anos. Corra ligeiro para chegar muito antes da notícia. Inquiete-se a tempo e fora de tempo. Esta é a JOCUM que queremos ver. E, causador de fatos é o jocumeiro que sempre queremos ser.

Aproveitemos o conclame da JOCUM internacional para começar o ano orando individualmente a cada dia, e coletivamente todas as Quintas-feiras de cada mês. Oremos por uma límpida comunhão com Deus; por relacionamentos interpessoais sadios e por ações criativas e ousadas a serviço humanidade e do Reino.

Boa retrospectiva 2008 a todos!