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Formação de Liderança Categorias:
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Hoje há uma questão que tem trazido uma discursão no meio evangélico sobre a preparação do obreiro cristão, e quando se pensa nisso a maioria logo lembra da missão renomada “A”, outro pensa no seminário bem conceituado “B” e ai vai. Mas prefiro recorrer as cartas pastorais de Paulo para poder descobrir o modelo ou o perfil de um líder bem treinado.

Na primeira carta escrita para o jovem pastor Timóteo logo no cap. 1 v. 2 ele chama Timóteo de verdadeiro filho na fé. Essa expressão indica uma familiaridade enorme de Paulo para com seu discípulo, pois o pai é o máximo de referencial que podemos ter, pois o pai, ele é o que é, não há como se esconder, se cobrir com a aparência, pois ele está sempre presente não pode ser bonzinho só por uma ocasião. Sendo assim a melhor formação é praticar as verdades de Deus no relacionamento cotidiano, é isso que influência, com intimidade, com transparência, com doação e exemplo, pois antes de Paulo ser um líder, o Senhor o considerou fiel, é isso que encontramos no versículo 12 do mesmo capítulo. O exemplo é uma das maiores escolas no v.16. Diz: “… e servisse eu de modelo a quantos hão de crer nele para a vida eterna”. Esse modelo não está preocupado com os títulos atrelado ao nome, como o apóstolo disse! Então ponto final, o Pastor falou tá falado, como se isso fosse capaz de por si só trazer obediência, mas o que reflete nesse modelo é uma verticalização, numa escala de hierarquia para ser superior ou pequena, os dons de liderar ao invés de ser uma forma de servir aos outros é uma forma de ter “estatus quo”, ou entre nós não existe pessoas que atrelam o nome ao título como inseparáveis? Paulo, o menor de todos segundo ele lidera pela inspiração que provoca nos seus filhos na fé, com a vida, horizontalizando seus discípulos no pé de igualdade, reconhecendo a vocação de cada um, trabalhando juntos, sem lhes pagar salários para que fossem empregados, mas dividindo o pão, as tribulações, as alegrias, sendo inspiração em toda boa obra.

Certa vez em uma consagração de líderes, um irmão me falou: Vou ser consagrado a diácono, mas breve vou ser promovido ao presbitério, e logo mais quero crescer mais e finalmente está entre os grandes! O que isso reflete? Busca pelo poder que os títulos dão! Como que as funções de pastor, sejam maiores do que o de missionário ou evangelista maior do que os de diáconos, sendo que as qualificações de caráter para ambos e intimidade com Deus são os mesmos descritos no novo testamento.

Sempre quando retorno de férias para servir minha igreja em Goiânia, escuto alguns irmãos falarem: Ô irmão, você já se tornou um pastor? Eu naturalmente lhes digo, não sou um missionário, eles batem em minhas costas e falam, mas um dia você chegará lá. Lá a onde se Deus me chamou foi para ser um missionário na JOCUM! Os benefícios do cargo são mais desejados do que as responsabilidades que neles exigem.

Paulo chama o jovem pastor Timóteo de filho, quantos filhos sem pais nós temos nos templos superlotados de hoje? Filho sem pais é uma igreja sem identidade e destino. Outra coisa que devemos observar é que esse chamado para ser pai o resultado é mais longe, traz frutos para o futuro de uma nação inteira, em todos os níveis da sociedade, qual o referencial paterno que a igreja do Brasil reproduz? As famílias brasileiras estão em busca de sua identidade paterna, portanto cadê os apóstolos que assumam essa tarefa para formar filhos na fé com sua identidade firmada no caráter de Deus pai, se não temos identidade não teremos destino para sermos o que Jesus pensou que seríamos nesse mundo.

Em segundo, o que Paulo aconselha a seu filho na fé é desenvolver o que ele ensinou, o que evidencia as marcas do verdadeiro líder cristão em potencial, cap 1 v. 18 “Este é o dever que te encarrego, ó filho Timóteo… v 9 mantendo fé e a boa consciência, por quanto alguns, tendo rejeitado a boa consciência, vieram a naufragar na fé. No cap. 3 v. 9 diz Conservando o ministério da fé com a consciência limpa”.

O centro de toda batalha espiritual está na mente, na consciência que é o termômetro de como estamos diante de Deus, esta consciência enquanto sadia nos sensibiliza quando não estamos andando pelo caminho da justiça e retidão, nossa alma criada por Deus há uma impressão forte do caráter e da santidade de Deus, motivos óbvios, pois em qualquer lugar do mundo entre todas as nações, entre gentes de todas as classes sociais existem noções básicas do que significa a justiça e a retidão, quando não andamos de acordo com esse caminho algo dentro de nós nos espeta indicando que transgredimos. Quando falo em uma consciência sadia é que quando nós mantemos a transgressão, cada vez menos esse dispositivo funcionará, a mente vai se cauterizando e automaticamente a mentira vai se tornando a verdade, o pecado vai se tornando domesticado e se transforma num estilo de vida. Creio que é o calcanhar de Aquiles, a rachadura na coluna principal, causa pela quais muitos gigantes da fé têm caído. Sem a boa consciência, se perde a autoridade espiritual a ousadia e intrepidez na pregação do evangelho, pois nem enganamos a Deus nem tão pouca ao diabo acusador. Olha o que Paulo diz no Cap. 1.v 4: “Ora, o intuito da presente admoestação visa o amor que procede de coração puro, e de uma consciência boa, e de fé sem hipocrisia”.

Esse texto não tem outra interpretação, mas somente que sem a boa consciência haverá uma “boa hipocrisia” residente na alma, por isso a relutância de Paulo por toda a epístola em dizer que as pessoas que aspirasse para a vida ministerial ela deveria ter um caráter irrepreensível diante de Deus e dos outros, dentro de casa e fora dela, leiamos todo cap 3 de Timóteo e veremos que as atribuições e deveres de um líder são virtudes como: a pureza, amor, paciência, temperança, coisas ligadas ao caráter, há somente uma indicação que ele precisa saber intelectualmente, o restante é tudo que se diz respeito ao seu comportamento, são atributos apreciáveis.

“Ninguém despreze a sua mocidade; pelo contrário, torna-te padrão das fiéis, na palavra, no procedimento, no amor, na fé, na pureza”. 4:12

Corremos um risco muito grande quando desprezamos esses valores por apenas uma formação acadêmica que tem em seu currículo formado por matérias cada vês mais vazias dos princípios de vida cristã, o que faz com que haja um vazio de valores vividos nas lideranças cristãs, nos escândalos que aparecem em vários âmbitos da sociedade, pois o evangelho do engano tem falsificado as marcas de quem poderia ser líder, Pastor, Diácono, Presbítero, missionário etc. vivemos a crise do exemplo e da prática, é a síndrome de Macunaíma, o filme inspirado no livro de Mário de Andrade, o herói sem caráter, o líder carismático sem moral. Por isso admiro muito Paulo que foi Apóstolo porque tinha marcas da prática cristã em sua vida. O seu evangelho não maquia nenhuma situação, ele diz nessa carta que Timóteo tenha cuidado com esses falsos líderes que têm pregado um evangelho fácil, sem implicações com a morte do egoísmo.
Por último o líder ele não visa o lucro, mas o chamado. Cap. 6.5 diz “… por homens cuja mente é pervertida e privados da verdade, supondo que a piedade é fonte de lucro”.

O bom desse Apóstolo é que ele entende que o líder não deva colocar suas expectativas no rendimento do final do mês, quanto aos dízimos e ofertas vão render pra ver se dar para comprar a casa no campo, ou comprar o carro importado e por aí vai, a lista pode ser grande. Mas também é criada por causa disso uma teologia que baseia a fé e espiritualidade com o quanto à pessoa tem na conta bancária, gera uma sociedade pervertida e egoísta para com os desafortunados da nossa nação, com uma simples desculpa religiosa, “é por que eles estão em pecado ou não tem fé”.Até seu relacionamento com Deus tem haver com o lucro que isso lhe proporciona.

Paulo continua no versículo seguinte dizendo que em vez do lucro do final o mês melhor é ser piedoso e ser satisfeito com o que tem.

“De fato, grande fonte de lucro é a piedade com o contentamento. Porque nada temos trazido para o mundo, nem cousa alguma pode levar dele. Tendo com que nos vestir, estejamos contentes”Cap.6:6-8.
Hoje infelizmente a lista de profissão tem se incluído ser Pastor, ir para um seminário, pois a segurança em estar na frente de uma igreja está melhor do que em outras profissões, ou outros ministérios. Não sou contra teologia nem de ser pastor, tenho um pastor muito abençoado e já estudei teologia, mas quando a motivação é o dinheiro, ai é mais uma desgraça, pois a qualificação primordial que vem do caráter não está sendo observada.

Paulo diz “Tu, porem, ó homem de Deus, foge destas coisas, segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a consciência, a mansidão. Combate o bom combate da fé. Toma posse da vida eterna…”.
Não defendo salários baixos para pastores, pelo contrário creio que devem ter um sustento digno, eu sou missionário de tempo integral, e na JOCUM não pagam salários para seus missionários, isso é um princípio de fé, pois nós cremos que Deus nos suprirá, vivemos como o modelo de Cristo, com ofertas de pessoas piedosas que acreditam na unção que Deus nos deu para pregar o evangelho, então vivo do evangelho e sei disso, e nessa mesma epístola Paulo diz no cap.5v18 “O trabalhador é digno do seu salário”.

O que estou tentando explicar é que hoje em dia muita gente tem tido uma ganância ministerial, sem realmente saber qual é a sua função no Reino, e sem antes passar pela a peneira dos princípios que todos que ensinam a palavra devem possuir, pois a liderança da eclésia deve ser motivada por um chamado para fazer diferença nessa sociedade, para oferecer referencial de justiça , santidade e misericórdia para atingir todas as áreas da vida,.Devemos ser uma luz no fim do túnel onde os valores morais já nem existem mais, que nosso exemplo venha acender a chama do amor por Jesus e a inspiração para um país mais justo, com governantes honestos, respeito e aceitação aos indígenas e negros, mídia com imoralidade, artes sem imoralidade, ciência a favor dos que sofrem com malária e doenças tropicais que atingem na maioria dos mais pobres, inspiração que leve até os ateus a terem um padrão de moralidade mais elevado, pela santidade de Deus estendida a toda a nação pelos cristãos comprometidos, elevando os padrões a ponto de serem normais, e buscados por todos. Precisamos de líderes que inspire a todos nós, para que essa onda venha, e formem líderes nacionais que mude toda essa nação.

Que nossas escolhas pelo ministério sejam autênticas e singelas sem a ganância, que possamos fazer a vontade de Deus e aceitarmos o chamado para onde Deus mandar e não para onde nos dê segurança e conforto, onde nos poderá proporcionar lucro, se proporcionar bens e conforto que seja pelo resultado de uma vida dedicada a Deus e pela obediência ao chamado de Deus e não o inverso.

Título sem evidências de Cristianismo é maldição, mas Cristianismo que resulta em um líder piedoso traz danos ao inferno irreparáveis e transformação da sociedade.Que Deus nos conduza para um reforma que nos dê o bom senso e o temor do Senhor.

“Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Continua nestes deveres; porque, fazendo assim, salvará tanto a ti mesmo quanto aos teus ouvintes”.