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Mãe desiste de salvar vida da filha Categorias:
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Eleazar se levantou e feriu os filisteus, até lhe cansar a mão e ficar pegada à espada; naquele dia, o SENHOR efetuou grande livramento” II Sm 23.10

Hoje, dia 03, passamos horas numa reunião tensa, absurda, onde mais de 20 pessoas estavam reunidas para decidir o futuro de Iganani e dos demais suruwaha que estão na casai de Manaus para tratamento médico. Estavam presentes várias autoridades antropólogos, agentes da polícia, ongs diversas, os suruwahá e nós,(JOCUM) como intérpretes. Os suruwahá, que já estão em crise há dias devido ao tratamento indiferente que vêm recebendo das autoridades brasileiras, ficaram em estado de profunda revolta na reunião. O dilema deles é simples – eles querem salvar suas crianças do infanticídio sim, querem o tratamento médico que a medicina dos “brancos” oferece sim, mas não suportam ficar morando na mesma casa com mais de 200 pessoas, de diversas línguas e culturas e portadores de inúmeras doenças contagiosas. Falaram, se expressaram, mas não foram ouvidos. A posição do governo é intransigente – ou eles tratam suas crianças numa CASAI (casa de saúde que o governo dispõe para tratar os indígenas), ou eles abandonam o tratamento, voltam para sua aldeia e, se quiserem, sacrificam suas crianças. As autoridade presentes afirmaram na reunião que se eles decidirem matar as crianças, o governo brasileiro respeita essa decisão e não vai fazer nada para impedir.

Os suruwahá, profundamente chocados e decepcionados, decidiram que voltam imediatamente para a tribo. O tratamento de Tititu pode ter continuidade na tribo se o governo não providenciar exames hormonais na área a cada 3 meses e remédios. Já o caso de Iganani é mais grave. Ela tem paralisia cerebral e não anda. Não tem como ser tratada na aldeia. A mãe respondeu então que vai voltar para a aldeia e dar veneno para ela. Depois de dois anos lutando para salvar a vida da filha, depois de enfrentar a tradição da tribo e se posicionar a favor da vida, depois de suportar meses em SP para que sua filha fosse tratada na medicina dos “brancos”, Muwaji finalmente desiste de salvar Iganani. Desiste ante a intransigência e indiferença das autoridades, que não são capazes de ouvir uma reivindicação tão simples – uma casa onde eles possam fazer o tratamento sem ter que conviver com centenas de doentes desconhecidos!

Diante da desistência de Muwaji o governo não hesitou em fretar um vôo para que eles possam retornar imediatamente para a aldeia. O vôo está marcado para sair de Manaus para Lábrea amanhã (dia 04 de março) às 8 horas da manhã. Em Lábrea eles pegam um barco e viajam para a aldeia. Algum milagre precisa acontecer nas próximas horas! Por favor, estenda a mão para salvar Iganani, que ela não seja uma mártir dessa luta a favor da vida. Contacte quem você puder, faça o que estiver ao seu alcance. Temos poucas horas! Passe adiante essas notícias.

Vamos lutar até nossa mão grudar na espada,

Marcia Suzuki